Sobre o projeto
Clube de Leitura Antirracista (para aliados)
A intervenção literária que estamos propondo tem como público os aliados da luta antirracista e aborda a branquitude dentro do espectro do racismo estrutural, com um enfoque no enfrentamento ao racismo por meio no feminismo negro. A proposta criará um espaço de reflexão e diálogo sobre as questões de raça e gênero, considerando as experiências das pessoas negras em um contexto informacional contemporâneo, marcado por desafios estruturais de exclusão e discriminação.
O contexto informacional em que essa temática se insere é caracterizado por uma série de desafios que afetam diretamente a população negra, como a desinformação, a invisibilidade midiática e a distorção das representações de homens e mulheres negras. A era digital tem sido palco tanto para a perpetuação de estereótipos quanto para a exclusão, em que conteúdos produzidos por ou sobre pessoas negras são muitas vezes marginalizados. Essas questões se agravam quando observadas pelo viés de gênero, onde o racismo e o sexismo se entrelaçam, resultando em barreiras duplas, especialmente para as mulheres negras.
Neste sentido, a intervenção literária propõe um recorte feminista negro, que permite uma análise interseccional das experiências negras, considerando as especificidades vividas por mulheres, mas sem excluir a participação e o olhar dos homens. Essa perspectiva é essencial para podermos compreender como as estruturas de opressão, como o racismo e o machismo, impactam todos os corpos negros, mas com nuances distintas para homens e mulheres.
A base literária para essa intervenção inclui obras que estimulam tanto a reflexão sobre o racismo estrutural quanto sobre o papel do feminismo negro na resistência e transformação social. O poema “Me gritaram negra”, de Victoria Santa Cruz, será o ponto inicial para discutirmos a construção da identidade negra, o impacto da discriminação racial e a autoaceitação. Em seguida, utilizaremos o “Pequeno Manual Antirracista”, de Djamila Ribeiro, que oferece uma abordagem direta e prática para entender as raízes do racismo e a importância de uma postura ativa na luta antirracista. O conto “Maria”, de Conceição Evaristo, também será discutido, apresentando uma narrativa que explora as realidades enfrentadas por mulheres negras em contextos de vulnerabilidade social, interligando questões de raça, gênero e classe.
Durante o encontro, todos os participantes serão convidados a compartilhar suas experiências e interpretações das obras literárias. O objetivo é promover uma discussão inclusiva, onde o feminismo negro não será visto como uma pauta exclusiva das mulheres e onde o antirracismo não será visto como uma pauta exclusiva das pessoas negras, mas como um caminho para todos refletirem sobre as relações de poder e as desigualdades que afetam as pessoas negras, em especial as mulheres negras. Será um momento para debatermos como o racismo e o sexismo operam de maneiras distintas e complementares, afetando homens e mulheres de formas específicas, e como o feminismo negro oferece ferramentas para todos combaterem essas opressões.
Também é importante ressaltar a colaboração institucional com a Coordenadoria de Relações Étnico-Raciais da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (COEMA/UFSC), que levará seu apoio ao projeto para reunião com a coordenação, ficou acordado que o projeto será debatido formalmente em encontro futuro. A COEMA garantirá, então, se aprovado, o suporte institucional, oferecendo auxílio na impressão de materiais e na divulgação das atividades, o que será fundamental para ampliar o alcance do clube de leitura e fortalecer sua relevância dentro da universidade e na comunidade.
Assim, esta intervenção literária tem como foco o fortalecimento da comunidade negra, promovendo a troca de experiências e o diálogo crítico a partir de uma perspectiva feminista negra. O projeto visa não apenas à conscientização sobre o racismo e suas implicações, mas também ao engajamento ativo dos participantes na luta por justiça social e equidade, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária.